5 de dezembro de 2011

Conto: O Ego e o Espírito

 
 Metáfora do livro "As Suas Zonas Sagradas" de Wayne W. Dyer

Imagine esta cena: dois bébés estão no útero, confinados às paredes do ventre da mãe, vão conversando. Para ser mais claro, vamos chamar a estes dois gémeos, Ego e Espírito.

O Espírito diz ao Ego:

    - Eu sei que tu vais achar isto difícil de aceitar, mas eu acredito realmente que há vida depois do nascimento.

    O Ego responde:

    - Não sejas ridículo. Olha à tua volta. Isto é tudo o que existe. Porque é que tu estás sempre a pensar em coisas que estão para lá da realidade? Aceita a tua sorte. Acomoda-te e esquece todo esse disparate de vida para além do nascimento.

    O Espírito fica calado durante um bocado, mas a sua voz interior não o deixa continuar em silêncio por mais tempo:

Ego, não fiques zangado, mas eu tenho mais uma coisa para dizer. Eu também acredito que existe uma Mãe.

- Uma Mãe! – riu o Ego ruidosamente. – Como é que tu podes ser tão absurdo? Tu nunca viste uma Mãe. Porque é que não consegues aceitar que isto é tudo o que existe? A ideia de uma Mãe é completamente louca. Tu estás aqui sózinho comigo. Isto é a tua realidade. Agora segura-te aí ao teu cordão, vai para o teu canto e deixa de ser tão parvo. Acredita em mim, não existe Mãe nenhuma.

O Espírito, com alguma relutância, pára de falar com o Ego, mas a inquietação rapidamente o vence:

- Ego – implora ele. – Por favor, ouve sem rejeitares logo a minha ideia. De alguma maneira, eu acho que estas pressões constantes que nós sentimos, aqueles movimentos que às vezes nos deixam tão desconfortáveis, este reposicionamento e este aperto que vamos sentindo à medida que vamos crescendo, é tudo para nos preparar para irmos para um lugar de luz brilhante, que nós iremos ver muito em breve.

- Agora já percebi que tu estás completamente doido – responde o Ego. – Tudo o que sempre conheceste é a escuridão. Tu nunca viste a luz. Como é que podes sequer admitir essa ideia? Esses movimentos e pressões que tu sentes são a tua realidade. Tu és um ser distinto, separado. Esta é a tua jornada. Escuridão e pressões e sensação de aperto fazem parte da vida. Vais ter de lutar contra isso enquanto viveres. Agora agarra-te ao teu cordão e por favor fica quieto.

O Espírito descontrai durante um bocado, mas por fim já não consegue conter-se mais:

- Ego, eu só tenho mais uma coisa para dizer e depois já não te volto a incomodar outra vez.

- Diz lá – responde o Ego, impaciente.

- Eu acredito que todas estas pressões e todo este desconforto não só nos vão levar para uma luz celestial, como também, quando passarmos por essa experiência, vamos encontrar a Mãe cara a cara e conhecer um êxtase que está para lá de tudo aquilo que nós já conhecemos atá agora.

- Tu és realmente doido, Espírito. Agora é que estou mesmo convencido disso.