2 de janeiro de 2012

O Possível do Impossível, entrevista a Sofia Ferreira


“Estamos en la tierra para cumplir el principio universal de florecer, como semillas de luz con todas las potencialidades ya impresas en nuestro mundo interior.” ("El Legado Supremo de la Rueda de Sabiduria Maya", Nah Kin)

Dirigi durante 8 anos workshops de dança e teatro para crianças e tenho trabalhado com uma companhia de dança enquanto bailarina e co-criadora, ainda como contadora de histórias e marionetista, além de desenvolvido trabalho em pesquisa performativa. Tudo isto paralelamente ao meu trabalho com o movimento (Fasciaterapia) e com a energia das flores (Elixires Vibracionais YONAH).

Porque viver criativamente é talvez a necessidade mais espiritual que pode haver para qualquer ser humano que haja como tal, procuro desafiar-me a experimentar coisas novas e a sentir as diferentes possibilidades da vida. Considero-me em tudo o que faço mais uma “educadora”- aquela que faz as coisas saírem de dentro-, do que uma professora.

Neste momento eu e o meu companheiro João mudámo-nos para uma aldeia entre Ourém e Tomar onde temos ateliê para mostrar o nosso trabalho artesanal baseado na energia das fadas, em que usamos cristais, troncos e outros elementos naturais, criando formas que podem decorar espaços ou andar sempre connosco (http://dragonflyjp.blogspot.com). Construímos também um estúdio para aulas de dança e trabalho corporal e uma sala de terapias para consultas e cursos. A casa está aberta a retiros e residências artísticas e existe ainda uma horta (em construção), para auto-suficiência.

Aquilo que iniciou uma transformação profunda no sentido da descoberta de mim mesma foi quando fui viver para o México pela primeira vez em 2001 através de uma bolsa de investigação em História da Arte, área em que tinha acabado de me licenciar nessa altura. Aí se deu o meu despertar e o início do processo de recordar aquilo que realmente Sou. Essa estadia serviu-me antes demais para perceber aquilo que não queria- a arte “ compartimentada” dos académicos -, optando antes por procurar sentir a poesia de viver a cada instante. Crescera sempre com a noção da existência de outras dimensões e de que aquilo a que chamamos “realidade” é apenas uma ínfima parte da verdade, mas nessa altura essa noção ampliou-se profundamente.

O segundo lançamento nesse caminho foi, já em Portugal dois anos depois, o início do meu trabalho com a Fasciaterapia e o poder aceder à força de vida que todos temos dentro de nós e que se manifesta naquilo a que chamamos “movimento interno”.

O que me surpreende mais? O facto da maioria dos seres humanos viver tão longe da sua verdade interior e do seu real potencial, numa espécie de “loucura da normalidade”.
A importância de se ter sempre um olhar tão límpido quanto possível sobre nós, os outros e o mundo e que é necessário chegar às causas profundas que estão por detrás dos problemas físicos, alcançando não apenas auto-cura mas essencialmente auto-conhecimento.

Desenvolvi a minha intuição com o meu trabalho pessoal com os florais, que abriram a minha vida a coisas que não julgava possíveis. Eles são autênticas poções mágicas, porque a magia é acima de tudo um acto de transformação interior.


Ao tocar alguém numa sessão posso ver imagens, muitas vezes simbólicas, das zonas do corpo aonde existem bloqueios energéticos ou mesmo já afectadas fisicamente. Ouço se fizer as perguntas certas e sinto certezas que não sei de onde vêem, mas tudo isto apenas porque me conecto quando estou com um paciente: “energy flows where your attention goes”. Se eu não tivesse qualquer controlo sobre isso, se não pudesse escolher o momento para ser esse canal de informação seria demasiado cansativo e meus limites enquanto terapeuta ficariam pouco definidos.

Os sonhos são uma das fontes de informação que considero mais interessantes e sempre lhes dei o seu valor, mas quando um dia acordei com uma voz a dizer-me: “tens de fazer um floral de cogumelo para as crianças” coloquei-me várias dúvidas. Primeiro porque cientificamente os cogumelos são fungos e não flores; só mais tarde me dei conta que nas representações do deus azteca das flores (Xochipilli) existem também cogumelos e que no México eles são chamados “los niños”, talvez pela sua energia pura e límpida como a das crianças. Segundo, porque até aí eu utilizava o método solar de Bach para fazer os florais, o que não me parecia adequando neste caso por várias razões. Foi no entanto a partir daí que passei a trabalhar sempre com geodes para criar os florais com que trabalho, o que amplifica ainda mais a sua vibração e permite que a flor, e neste caso fungo, permaneçam intactos. Aquilo que sucedeu após as questões iniciais foi um suceder de sincronias que me levaram a criar uma essência vibracional de cogumelo que considero muito especial e a compreender o seu potencial no retirar dos véus da ilusão em que vivemos.

Quando visitei pela primeira vez a aldeia do caribe mexicano que considero agora a minha segunda casa, várias coincidências me levaram a ir parar a uma cerimónia de banho de vapor tradicional chamada temazcal. Era uma novidade para mim e tornava-se ainda mais mágico ser lua cheia e estar eu naquele paraíso em que tudo parecia ocorrer com tanta fluidez. Caminhei silenciosamente pela noite num caminho ladeado pela praia de um lado  e do manglar do outro, desde a minha cabana até ao local aonde ocorreria o ritual, tudo durante uns bons 45 m. Num ponto com formações rochosas a lua e o mar pareciam pedir-me que parasse e fechasse os olhos e aquilo que vi foi uma cerimónia de mulheres numa espécie de gruta com vários detalhes que muitos anos mais tarde vim a saber serem reais. Creio que foi das imagens que mais me marcaram pela força que emanavam e pelo sentimento de estar a chegar a casa, dentro e fora de mim!

All moving is from the mover. Every pull draws us to the Ocean. Let the beauty we love keep turning into action, transmuting to another another. Anything you grab hold of on the bank breaks with the river’s pressure. When you do things from your soul, the river itself moves through you.” 
(Rumi)


Sofia Ferreira

Diplomada em Psicopedagogia Perceptiva  e em Fasciaterapia e Somatologia. Tem passado vários meses por ano no Mexico onde, além de dar aulas e cursos, estudou no Instituto Holistico Maya (Quintana Roo), terapias tradicionais de várias culturas. Desenvolveu intuitivamente o seu contacto com as energias subtis das flores através dos seus estudos de Espagíria (Alquimia Vegetal) com José Medeiros.Tem desenvolvido trabalho dentro da àrea das artes performativas.

Contactos: 93 167 36 21/sofia.yonah@hotmail.com